sábado, 20 de fevereiro de 2010


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– Tertuniel, conte-me um segredo. Como falam as estrelas?

– Há tanto a dizer minha criança. Elas gritam nomes, seus nomes.

Os nomes dos humanos que as criaram, seus significados.

Elas cantarolam para nós que podemos ouvi-las. Dançam também, mas ninguém pode vê-las no seu bailar chamado destino. São índias essas feiticeiras, gritam e pedem ao clamor dos céus, batendo nesse imenso disco iluminado de São Jorge.

– A lua?

– Sim, a lua. Frenéticas, elas pedem auxilio aos anjos. Precisam de nós para executar seus desejos, para articular seus amores. As estrelas são o intermédio do homem e o céu.

Quando conseguem o que querem, elas se jogam lá do alto. Precisam renascer de novo. Milhares e milhares de vezes em forma humana. Geralmente passam a vida em busca de realizar o pedido que alguém fez quando as viu cair.

– Eu não sou especial?

– Cada um é especial ao seu modo, para alguém. Você é especial para mim, espero que isso lhe baste.

– Sim, me basta, mas me fale mais sobre as estrelas. Elas ainda falam com você desde que... não sei como dizer isso.

– Desde que eu cai. Sim, ainda falam. Elas nunca perdem essa mania, eu já disse isso.

– Você é mesmo um anjo?

– Sim, sou. Se preferir me chamar assim.

– E porque você... caiu?

– Porque eu cometi um pecado.

– ...

– Eu me apaixonei.

– ...

Por você.

"Trecho cedido por meu grande amigo e escritor Duque Thiago de Rovere, de sua incrível obra ainda não publicada, texto completo em seu blog http:cronicasdamorte.zip.net "

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